Cais na folha de papel
como uma gota.
Aos poucos, espalhas-te
constróis as linhas que edificam
a tua dor
como uma seta
(envenenada)
apontada à minha culpa
(definitiva.)
Existimos juntos nestas linhas como no ódio
de quem evita saber amar.
Os bocados de letras que se escapam
escorrem sangue
ressequido
bocados de lixo
ou memória;
Pedaços mortos, nossos,
em perpétua decomposição.
Não nos olhamos.
A transparência do teu rosto.
O meu olhar invisível.
As muralhas de gesso que nos protegem o coração.
O nosso cadáver disfarçado de vida
pronto a renascer com o ódio,
totalmente equipado,
pronto para uma vida melhor.
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