Era Verão
e tu deslizavas pelas estrelas
como um cometa
o sorriso disfarçado de
primavera,
tão rápida que podias nunca ter
acontecido.
O teu rosto ameaçava a noite
de paraíso
e a magia intermitente do teu
encanto armadilhou-me irremediavelmente a memória.
(Perdido na embriaguez das
palavras disparadas por acaso
numa fuga desesperada à solidão
que o sol ergue com a
aurora
como um estandarte,
em guerra aberta contra a
esperança.)
Mas,
ao cair da noite,
a memória do
teu rosto espalha-se no por do sol
e as praias que nos aguardam
num futuro distante
desenham no horizonte o contorno
dos teus lábios
feitos à medida das promessas que
o teu decote desconstrói
a destruir futuros impossíveis de
acontecer.
Em tardes como esta,
o céu sugere o teu nome
como o caminho para felicidades
tão reais como os sonhos que me
invadem
a noite, cheios de um verão
infinito
esticado até aos confins do
acordar apocalíptico de uma manhã qualquer
vulgar, convalescente das madrugadas
em que decidiste,
distraída,
fazer repousar a fantasia dos
teus cabelos,
ainda que por breves segundos
ainda que em forma de ilusão,
ainda que imaginada apenas
no ondular inconsciente da minha solidão.
O sol põe-se uma vez mais.
Levanto os olhos para o sol e,
ao perceber-te tão longe,
tão impossível
não me resta senão sorrir.
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