terça-feira, agosto 25, 2009

" (...) e lá vamos ambos aos tropeções em direcções opostas, relutantes, dir-se-ia - relutância esta que dura apenas um breve instante, o ar fresco da noite fustiga a nossa solidão recém-nascida e tanto eu como Indio nos afastamos, homens novos, e o sorriso, parte do velho sorriso, desaparece, já no necessita - Ele para sua casa, eu para a minha, porquê sorrir a noite inteira a pensar nisto, a não ser que estivéssemos acompanhados - A desolação do mundo delicadamente -"

Tristessa, Jack Kerouac

segunda-feira, agosto 24, 2009

Névoas rochosas de Agosto

Estavas sentada ao meu lado. Eu lembro-me. Era um mês de Agosto qualquer. A névoa aproximava-se da nossa indiferença como ossos esquecidos do tempo. Não nos mexemos, mesmo quando a névoa turva de gelo nos envolveu num laço húmido, talvez de ternura. Ou morte. Quando as horas se cansaram de esperar pelo fim do meu lápis quase infinito, as ondas pediram licença para nos engolir. E, enquanto fugia, forçado pelo ter que ser do futuro, podia jurar - sim, de certeza - no canto do olho, vi-te, voltada, a sorrir para mim com se eu te entregasse por fim ao paraíso granítico do fundo do mar.

E se alguns momentos pudessem durar para sempre?