quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Amo essa tua teimosia de menina
esse teu orgulho de leoa dominante
olhando soberba a pradaria vestida de trigo.
Como oásis brilham de frescura vivos!,
e se desfolham aguarelas na foz da solidão
deste amarelo cor de igual e de trigo
que se estala sob pés, espigas rasgadas,
folhas esmagadas em pés incautos...
como chove destruição despercebida
tão debaixo, tão dentro de nós...

Apenas a mim, Apenas em mim
despes a pele de predadora voraz
a máscara felina cai
a ternura desce.
Apenas eu vejo tempestades nascer
na savana desértica onde não chove
trovões estalactitantes na sede
de tão seca inundada
tão forte que por vezes cai fraca.
É assim o nosso fado
chovem torrências de cascatas impensáveis
se inunda em secos torrões de amarelo...
A cinza húmida levanta do céu
e voa com o vento.
O sol nasce
secando o tapete,
seco de nunca ficar molhado
a chuva cai, a vida cai, a chuva passa...
a vida não,
acaba.

sábado, fevereiro 18, 2006

Que rios de anos se alargam
em tempestuosos correntes, cavalgando
e fogem os tempos, e chegam modernos
outros, eras tão escassas.

Um dia eram poetas os escondidos
os proibidos, de talentos tumultuosos
em tempos a pela servia de folha
e unhas reclusas, gastas de fome, sem pena...
Como vinho a poesia esperava
décadas, ainda?, para cantar
poemas e cantos e odes.
Ao passar dos tempos
o som do canto que espera a liberdade
ergendo-se magnânimo, para sempre
poesia do passado...

Poesia do presente que te confundes
no versejar fácil das palavras
que são como madeira podre numa fogueira
desvanecendo...
Fedem os nossos sentidos, nauseabundas letras
vãs, palavras colados em versos que não são
e poemas chamam às torrentes insípidas de rimas
gentes confusas sem saber querer de verdade
perdendo a poesia, perdendo o pouco de poeta
que ainda nos resta
em lamaçais de falso lixo
espalhados ao vento em versos de plástico.