escondidos entre botas e meias,
protegidos contra a solidão,
são capazes de poemas
como fotografias do teu rosto descalço
que escondes tão longe do chão.
vejo as multidões que marcham,
identifico todos os pés
as botas, os sapatos, os buracos,
mas só os teus explodem e explicam de uma vez por todas o porquê intermitente do apocalipse definitivo que cabe no fundo seco de uma lágrima - as noites seguem o seu percurso titânico e, na dança desesperada dos desconhecidos, que se espalham pelas noites a prostituir sorrisos plastificados, identifico com precisão milimétrica a tua ausência, o ritmo atonal de passos alheios incapazes de se sincronizar com os meus -
que procuram em vão
entre ruas, estátuas, ou bares
(longe de todos os olhares)que procuram em vão
entre ruas, estátuas, ou bares
um passo silencioso
(quase discreto,
quase descalço,)
que possa de facto imitar o teu;
que possa por momentos fazer de conta
que o teu sorriso no fundo se esconde
apenas com medo de encontrar o meu.
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