sábado, novembro 17, 2012

o teu silêncio

O meu silêncio
em forma de escudo
estilhaçado, despedaçado
cada vez que te vejo passar.

Evitar-te como o condenado evita
a morte: em vão.

Fujo-te e encontro-te,
e quando
finalmente te escapo
invades-me os sonhos
em cenários impossíveis:
as tuas mãos morenas, abertas
num gesto tão impossível
que me faz
acordar;
os teus lábios
nos meus
a recordar beijos,
a prometer alegrias...

Cada vez que me julgo a salvo
assaltas o desassossego
das minhas primaveras
com olhares à prova de bala
e gestos esquecidos
impermeáveis ao esquecimento
a recordar-nos pesadelos melhores.

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