As árvores sangram:
arco-íris escarlates vestem as árvores
secas, à espera
da nudez estéril de um novo inverno.
É Outono:
um sol glaciar atravessa a cidade;
as pessoas sorriem pelas ruas,
passeiam à procura de todos os santos
ou de um amigo só.
A melancolia instala-se
de veludo;
traz detalhes de cinismo,
e explica aos corações isolados
que o natal é quando um homem quiser,
mas ninguém na verdade o quer.
O Outono (def.): estação de transição em que o sol de um verão esquecido se prostitui à verdade negra de um inverno prestes a chegar; época de mendigos e sem-abrigo, a celebrar na rua de falos e seios expostos os meses que antecedem o terror árctico da sua extinção anunciada...
[...e em que os mais desafortunados choram sobre cadáveres despidos o fim definitivo da paixão balnear, destino árido de todos aqueles que não se podem dar ao luxo de morrer à fome.]
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