segunda-feira, março 20, 2006

Saudades de não ter passado.

Acaba por ser comum a muitos a saudade da infância, quando sem sabermos porquê, nos dava tudo tanto prazer. Não são saudades de brincar na terra com os meus carrinhos que voavam sobre a pista por não saberem andar. Nem dos murros do meu primo por lhe ter ganho aos berlindes. É uma saudade mais profunda, é uma saudade séria e funda, não de brincar, uma saudade de sentir algo que custa a explicar, mas que se sente e nos força a sonhar com esse passado. Esse passado que insiste em fugir cada vez mais com o tempo, que insiste a aproximar-se cada vez mais da vontade. É, agora penso que sei, penso que descobri, saudades de não ter passado, saudades da inconsequência inconsciente do mais pequeno acto, de qualquer palavra, da liberdade da vontade, porque querer é poder, até deixar de o ser. São saudades de ter liberdade na consciência, essa liberdade que tanto proclamamos, e que defendemos com o passar da vida por sabermos que a liberdade em estado bruto, essa, fugiu-nos ao continuar a viver. São saudades, agora sei-o com certeza de ter pensado e dormido sobre o assunto por mais de uma semana, verdadeiras e racionais, saudades inteligíveis, até há pouco impossíveis de entender. Saudades de não ter passado.

1 comentário:

Anónimo disse...

nc tinha pensado nisso assim...mas tens razao!!!saudades de nao ter passado!!!é mm isso!!=)

luv u******