sábado, junho 01, 2013

Aniversário de um dia qualquer

Em pé, na ponta do bar, era fácil perceber-lhe os invernos acumulados na barba, a solidão escondida da indiferença, num par de olhos desaprendidos de chorar.
Abandonado às palavras que me disse sem se entender

uma carteira tão velha que nem merece ter notas dentro(?)

Fingir esquecê-lo foi tão fácil como o mojito seguinte. Mas espero que tenha encontrado no fundo da cerveja um vislumbre de tudo aquilo em que de certeza já não se dá ao luxo de acreditar.

Ao atravessar a ponte percebo-me contagiado. Merda. Os invernos devem-lhe ter saltado da barba para o meu coração. De certeza. Foda-se. As nuvens também devem ter percebido, a chorar esta chuvinha de merda como se fossem lágrimas. Ao menos que seja isso: que no fim da cerveja mais barata encontre um bocadinho de sol que lhe aqueça a solidão; e, se lhe sobrar um pedaço, que o deixe à minha porta, em jeito de prenda. Em jeito de lanterna. Em jeito de perdão.





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