Nas tuas costas há um país inteiro. Nos teus ombros, uma primavera escondida de sorrisos. Nas tuas mãos, fechadas, escondes os espinhos do outono para evitar a melancolia lenta do meu olhar abandonado. Nas tuas curvas, escondemos os escombros de uma história orfã de um final, mesmo que infeliz. E assim, o verão sucede ao inverno nas ruínas incandescentes da nossa memória; os nossos corpos, amputados um do outro, entregam-se na embriaguez sufocada da noite, a fingir felicidades-relâmpago no reflexo turvo de corpos anónimos, devidamente equipados para o desejo descontrolado de quem tenta desesperadamente esquecer-se do fim da esperança; de quem encontra em pernas alheias a promessa húmida de um instante polaróidico que os separa do regresso inevitável à solidão.
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