terça-feira, março 19, 2013

de manhã, quando a tristeza acorda

a manhã acorda-nos lado a lado. num sobressalto antecipado a fuga dos teus braços dos meus é anunciada devagar, como um vestido preguiçoso que usamos para disfarçar a vontade de nós. a aurora instala-se. a certeza acorda-nos como um vulcão em chamas e separa os nossos lábios para longe da promessa do beijo infinito que escolhemos em silêncio evitar. os teus lábios fechados são a primavera que beija a manhã e, ao desenhar nos teus cabelos adormecidos o futuro, consigo ver ao longe o fim que a solidão não tem. 

resta-nos esperar. resta-nos fingir que acreditar num futuro ou num beijo não é a mais suicida de todas as ilusões.

restam-me os teus olhos abertos até ao epicentro da minha vontade inabalável de ti; os teus cabelos desenhados nas minhas mãos como o mapa prometido; as tuas mãos tão perto das minhas como do fim da solidão.

deixo-te longe. nesses braços que não são meus, programados convenientemente para a luz, condenados a fazer-te feliz. vejo-te com ele, daqui, onde as sombras se abraçam com carinho, a acreditar em futuros mesmo prontos para chegar.

respiro e, por segundos, disfarço de novo a vontade sanguinária que me viola cada vez que me lembro de ti:

- um beijo homicida talvez;
- um acto maior de egoísmo;
- um inferno garantido, em que a tua memória, plantada como uma semente contra a tristeza, evite eternamente o fim da nossa fogueira, imaginariamente nupcial.

1 comentário:

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