quarta-feira, março 20, 2013

segue-me

segue-me até às sombras no fundo da cidade onde bêbados mijam à chuva e celebram as núpcias sagradas do rio com os esgotos que espalham pelo inverno pesticida os restos ignóbeis de todos nós segue-me porque nestas ruas nem tudo está perdido ainda sobrevive no ar húmido da noite uma promessa secreta de homicídio uma janela dourada aberta para a salvação deixa-os e vem comigo para onda a humanidade acaba e não há senão sangue vomitado e loucos canibais à nossa espera de facas em riste prontos a oferecer  às ruas em forma de ritual as vísceras podres da nossa melancolia segue-me para longe de tudo o que é bom onde o sexo é indiferente a pessoas e lugares onde cadáveres seminus violam estátuas sagradas sob o olhar aprovador de todos os santos que tiveram o privilégio de cair segue-me até aqui onde a esperança não tem nome e por isso é infinita aqui onde todas as vidas mutiladas se congregam em adoração ao suicídio e a morte se esquece de se anunciar aqui nas sombras da minha casa aqui onde finalmente podes perceber que nada há em mim para além da solidão prometida e que comigo tudo o que te resta é um caixote cheio de esperanças partidas sonhos amputados promessas estéreis e momentos assombrados dos quais podes nunca mais recuperar.

1 comentário:

Anónimo disse...

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