Dentro do meu quarto crio pássaros imaginários: ensino-lhes sinfonias de assobios, simulações de tornados que só acontecem no baú mágico destas quatro paredes.
Quando me perguntarem o que tenho lá dentro, digo que te tenho a ti: um poema disfarçado de primavera, encerrado no meu quarto para durar as eternidades que me puderes dispensar.
A presença subaquática das flores sugere cores frescas de selvas tão longe que, nem a fazer de conta, consigo imaginar.
Mas o teu riso a qualquer palavra minha serve de explicação inequívoca para qualquer enigma: o mistério da criação do arco íris em permanente reflexo nas ondas distraídas dos teus cabelos; o movimento aleatório das luas que preenchem o teu céu disfarçado de sorriso; as galáxias a reagir em erupções apocalípticas cada vez que passeias discreta pelas ruas de um planeta que ainda nenhum cientista ousou inventar.
Este papel não tem linhas.
O rumo perdido deste poema serve apenas como testemunha implacável do quanto eu gosto de ti:
Todos os dias
(cada vez mais).
Todos os dias
(sempre demais).
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