Nas tuas costas há um país inteiro. Nos teus ombros, uma primavera escondida de sorrisos. Nas tuas mãos, fechadas, escondes os espinhos do outono para evitar a melancolia lenta do meu olhar abandonado. Nas tuas curvas, escondemos os escombros de uma história orfã de um final, mesmo que infeliz. E assim, o verão sucede ao inverno nas ruínas incandescentes da nossa memória; os nossos corpos, amputados um do outro, entregam-se na embriaguez sufocada da noite, a fingir felicidades-relâmpago no reflexo turvo de corpos anónimos, devidamente equipados para o desejo descontrolado de quem tenta desesperadamente esquecer-se do fim da esperança; de quem encontra em pernas alheias a promessa húmida de um instante polaróidico que os separa do regresso inevitável à solidão.
domingo, março 18, 2012
segunda-feira, março 05, 2012
detalhes de uma implosão iminente
Há, no meio de nós, um lugar sem nome, tempo ou espaço. Uma barreira invisível, carregada de impossíveis, feita de pesadelos em que o buraco negro onde o terror se esconde nos explode na cara em estilhaços de sangue, memórias e solidão.
Mas o meio de nós fica à distância escondida de um beijo e, à nossa volta, há um laço apertado de saudade, uma força centrífuga de ingenuidade, uma esperança venenosa condenada à imortalidade implacável dos nossos sorrisos.
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