Vem comigo. Sim. Não tenhas medo. Dá-me a tua mão. Eu levo-te comigo pela tempestade. Não tenhas medo. Se vieres comigo, mostro-te os recantos da tempestade que são iguais aos buracos que temos semeados pelo coração. Sim, eu conheço a tempestade. Eu sou da tempestade como de ti. Sou dos ventos e dos tornados como dos teus olhos. Não tenhas medo. Vem comigo furar a tempestade. Como se tudo fosse em vão. Como se não valesse a pena esperar pelo fim. Vamos. Abre os olhos. Vês, a tempestade? É por lá que vamos. Mesmo que haja chuva, e a água seja tão grande como o desespero. Se fores pela tempestade, eu vou contigo. Se quiseres, claro. Se quiseres um guia de tempestades. Ou alguém que dê pontapés aos trovões. Como se não houvesse nada mais a fazer. Eu sei que tens medo. Não faz mal. Eu tenho também. Tenho o teu e o meu medo atravassados na garganta. Não é por isso que vou deixar de correr para a tua tempestade como se corresse na esperança dos teus braços. Eu sei que não há esperança. Como não há braços à minha espera na tempestade. Mas, se me deres a mão, eu levo-te comigo pela tempestade. Até te mostrar que a tempestade tem um fim. Até perceberes que, se não tiveres medo, eu posso esconder o meu e mergulhar na tempestade na certeza de nunca mais voltar.
1 comentário:
Um texto determinado e lindo.
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