quinta-feira, novembro 19, 2009

London Diaries, Chapter II

Ao contrário do que me tinham prometido, Londres não é um deslumbramento imediato. É uma amálgama, às vezes um pouco concentrada demais, de uma cidade com este peso de humanidade às costas. Uma cidade de monumentos mas de lojas de tudo e nada encavalitadas, à procura de um espaço que nunca será delas. Londres de orientais e muçulmanos mais do que de ingleses, Londres de turistas (espanhóis e brasileiros, tantos!). De lojas de luxo e de galinheiros iguais onde se compra tudo que o desespero ou a necessidade gritarem.
Londres tem o que de melhor se pede numa cidade, bem como partes do pior. Londres é uma cidade moderna, um centro de mundos. E está na hora de deixarmos de duvidar: há muito poucos mundos bonitos por aí.
Esta viagem foi uma concentração de coincidências felizes que tinha tudo para dar certo. Dois tipos com vontade de ver tudo, fazer tudo - mesmo massagens orientais! - e gastar pouco. Fartos de estar parados, ou se quiserem mais à vontade com a nossa natureza nómada reprimida por séculos de civilização. E o facto de a viagem ter calhado (literalmente) no Outono, já a entrar no período natalício foi uma dessas coincidências felizes. Hyde Park de folhas a cair de dia, Londres néonica de Natal, à noite. Quem quiser escolher melhor altura do ano, pode tentar. Eu pessoalmente não gosto de perder tempo.
A poesia do néon é pouco convencional. É estridente e espalhafatosa e cobre a cidade em polvorosa para chegar a todo o lado, com táxis e autocarros que resistem ao tempo para não deixar a cidade parar. O néon ajuda. Acorda, incentiva e grita que os dias podem acabar, e que a arte está nos museus mas foi resgatada das ruas e das pessoas.
Parem um pouco numa rua caótica qualquer, e observem. Mas todos temos um olhar carregado de algo que a princípio desconhecemos. Não se enganem. Passam pessoas nas ruas. Mas escolham um canto mais protegido do vento e da chuva, e reparem. Há olhares a passar. Rostos. Há sorrisos e dramas a correr tão rápido que, se não fosse o brilho do néon reflectido nas, talvez nos conseguissem escapar.

1 comentário:

פסיכיאטר disse...

חוות דעת של פסיכיאטר מומחה לאיבחון דיכאון חרדה ולשיטות טיפול אחרות