terça-feira, janeiro 12, 2010

Era tão bom viver nos anos 60, e acreditar ser um bocadinho menos estúpido do que agora. Ser-se hippy e ser legítimo ter a certeza que um dia podia ser tudo melhor, e que esse dia podia até ser amanhã. Não ter que ter medo, renegar o medo, ostracizar o medo. Quantos milhões de girassóis são precisos para cobrir a bomba de hidrogénio? Quantos milhões de pessoas fotocopiadas são necessárias para nos sentir-mos normais? Não vale a pena contar. Ou acreditar. E acabar enrabado numa valeta encharcada de chuvas e mijo, com um tubo metálico tão largo como uma bomba a rasgar-nos o cu ensanguentado. Ou então sozinhos. Mas que diferença faz? Deixamos o tempo avançar desumanamente porque nos esquecemos de lhe dar um bocadinho de humanidade. Não é ele de certeza o culpado pelos violadores de túmulos, mortos e velhinhas. O que é que vocês querem? O tipo continua estendido na estrada, com o rabo aberto em forma de flor vermelha, o tubo quase a empurrar-lhe as órbitas para fora, mas os carros não podem parar nem olhar, está verde e ninguém quer ouvir o tipo de trás buzinar, sair cá para fora com esta chuva toda e levar um tiro porque parou no amarelo e está a chover como o caralho. E o tipo está morto, enrabado ou não, pelo menos não sou eu. E há sopa em casa e é dia de futebol, e isso é que é importante.

3 comentários:

Anónimo disse...

A vida é uma merda...eeeee acho bem dizes o que pensas,beijinhos

Kordny disse...

Podem assinar os comments... x)

Alcoólico identificado disse...

O que é que andas a fumar??