quarta-feira, setembro 03, 2008

L - Um Céu-Autoestereograma

Claro não sei ler nesses teus olhos_______

Esse olhar mistério de azul cinzento verde
em que se espalha a indolência de um céu pálido
numa sucessão de sonho ternura e crueldade
faz-me lembrar aqueles dias tépidos e velados
que mergulham em lágrimas os corações inquietos
fascinados por um mal desconhecido que os destroça
forçando os nervos demasiado vivos a fazer troça do Witz embotado

Também é verdade que por vezes me lembra
esses magníficos horizontes  iluminados pela luz de estações de bruma
em que por momentos resplandece uma paisagem húmida
que inflamam raios enviados por um céu desnorteado

Torna-se perigoso um clima sedutor se feminino

Pergunto-me se adorando esses olhos
saberei tirar da sua frieza implacável
prazeres mais intensos do que os densos ferro e gelo


Charles Baudelaire: As Flores do Mal, tradução de Maria Gabriela LLansol

Sem comentários: