a minha melancolia será eternamente o alarme insistente dos meus erros passados.
o medo de pensar e dormir, o receio disfarçado de euforia em actos que se resumem apenas a manobras de diversão da máquina de guerra que é este esboço de vida com cores a mais e carvão a menos.
o perder tempo a esquecer que a mudança se impõe e a não consigo assumir, a bandeira que espera ardendo o meu punho para a erguer.
receios do peso que a dor do mundo causa neste coração de espinhos. espinhos como a coroa que o rei aceitou ao morrer, esse que lavou todos os pés para provar que somos todos iguais, que a igualdade é um direito inerente à nossa mesma existência
- a matilha lá fora uiva, e a existência torna contornos factuais, e afinal são existências diárias estranhas que deixo passar por mim.
hoje beijam-lhe os pés, e sacrificam-lhe vidas e mortes. para que lavaste tu os pés aos que amavas afinal? nada aprenderam.
o mundo não passa de um erro persistente na interpretação dos actos. as palavras, essas, não o podem ser acertadamente sequer. oh gramáticas dúbias de ambiguidades nascidas! se apenas agíssemos, seriam os nossos erros menores?
entrego-me ao silêncio, esse que me atormenta a solidão do mundo que sinto sempre que uma folha se move na calçada deserta, e as andorinhas voam sempre sozinhas. sempre sozinhas. como nós. eternos acompanhamentos de solidão.
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