Tenho o teu rosto
em carne viva
nas minhas mãos.
Lá fora, o Inverno não se cansa de começar. À nossa frente a tua rua acaba num romance sem saída: como este poema, como o teu respirar suspenso nos meus dedos afogados no beijo sufocado que te roubei.
[Há chuva lá fora.]
Aqui, há uma música sem nexo, um calor colorido de desespero e um carinho que não sabe aprender nem desistir.
O portão está fechado.
Roubo-te a esperança dos lábios
os teus olhos descansam
fechados nas minhas mãos.
[Lá fora a noite acaba. Mas a chuva não.]
Aqui, escondidos um no outro.
Aqui, tão bem escondidos da solidão.