Deste-me um dedo de conversa para acender a paixão e partiste. Partiste mas continuaste aqui, na inocência homicida do teu sorriso, a semear confusões no meu coração atrapalhado.
Entretanto, a tua imagem entregou-se à transparência escura das ruas, de inverno em inverno, dedicada ao assalto inevitável dos que se perdem sem querer no encanto explosivo do teu decote.
E a cidade morre: o teu veneno confunde-se com o desassossego dos andaimes, que apontam para as estrelas sem saber que não há fuga possível deste altar de passeios e lama que habitas na esperança centrífuga do suicídio.