quarta-feira, abril 09, 2014

Escondidos

Tenho o teu rosto
em carne viva
nas minhas mãos.

Lá fora, o Inverno não se cansa de começar. À nossa frente a tua rua acaba num romance sem saída: como este poema, como o teu respirar suspenso nos meus dedos afogados no beijo sufocado que te roubei. 

[Há chuva lá fora.]

Aqui, há uma música sem nexo, um calor colorido de desespero e um carinho que não sabe aprender nem desistir. 

O portão está fechado.
Roubo-te a esperança dos lábios
os teus olhos descansam
fechados nas minhas mãos.

[Lá fora a noite acaba. Mas a chuva não.]

Aqui, escondidos um no outro.
Aqui, tão bem escondidos da solidão.